Nada mais importava. Tentava , em vão, esconder o seu desespero. Aquele cão que fora seu melhor amigo estava diante de seus olhos, morto.
As pessoas o tinham como louco. Afinal, fazer o enterro de um cachorro, não era uma atitude louvável para a sociedade. Mas era o mínimo que ele poderia fazer por aquele que sempre o ouvia.
Havia menos de dez pessoas na cerimônia, que não estavam pelo pobre animal, e, sim, para presenciar o fato tão comentado na cidade. O homem sabia disso, mas não se importava, preocupava-se na salvação da alma do seu amigo.
Entretanto algo chamou a sua atenção: uma cadela sentou-se perto do caixão improvisado e começou a uivar, e o público se divertia com a cena. O homem ficou nervoso. O que pensariam do seu amigo? Voltou para casa irritado.
De noite, ficou pensando nos amores que seu amigo poderia ter mundo afora e, de repente, veio-lhe um pensamento indesejado. Seu amigo, que tanto parecia ouvi-lo em seus desabafos, poderia estar pensando naquela cadela enquanto ele contava seus medos e problemas.
A raiva o consumia. Não acreditava no que seu amigo fizera. Precisava pensar, mas já estava a caminho do local onde enterrara o animal. Ao chegar, desenterrou o cão e levou-o para o rio. Deixou o caixão ser levado pela correnteza. Assim, o animal nunca descansaria e teria tempo para pensar no que lhe fizera.
by: André Nobre
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